O exemplo dos líderes de vendas na mudança eficaz de mindset

Você, muito provavelmente, quando era criança, ouviu de alguém aquela frase: “faça o que eu digo, não faça o que eu faço”. Se na educação infantil essa já é uma prática questionável, rejeitada por psicólogos e pedagogos, no mundo corporativo é comprovado que, mais do que as palavras, dar o exemplo é fundamental. Especialmente quando falamos de líderes de vendas.

O líder de vendas, seja ele um supervisor, um gerente ou um coordenador é um elemento-chave para a mudança de mindset da empresa. Por isso, a aplicação consistente de práticas que geram resultados deve sempre começar por ele.

O último relatório anual da Association of Executive Search and Leadership Consultants (AESC) que ouviu quase mil executivos nos cinco continentes, deixou claro que ‘líderes que lideram pelo exemplo’ são considerados como o principal elemento capaz de impulsionar uma cultura eficaz nas organizações.  E, consequentemente, são os que apresentam melhores condições de alinhar estratégias, metas e expectativas, o que é essencial para atingir os resultados estabelecidos.

Sim, uma cultura eficaz de vendas está diretamente ligada à liderança.  É esse líder de vendas que vai incentivar o time a assumira transformação no dia a dia.  O seu exemplo, o domínio pleno das práticas e sua capacidade de negociação é o que inspira as equipes de vendas na adoção de um novo mindset que abra caminho para fechar negócios. Sua capacidade de gestão de corrigir falhas com um feedback construtivo é o que vai levar à mudança da mentalidade e das práticas comerciais. Portanto, investir na formação dos líderes de vendas e fundamental para assegurar resultados.

Mesmo porque, é comum que surjam resistências à implementação de mudanças que buscam alcançar o alinhamento do trinômio cultura-estratégia-resultados.  E, para superar essas interrupções, impulsionando a inovação, a disseminação e a consolidação do novo mindset, as organizações precisam das melhores e mais preparadas lideranças. Aquelas que sejam capazes de despertar o engajamento de toda a sua equipe na estratégia do negócio e no atingimento de metas.

O relatório da AESC demonstra que além do conhecimento técnico, o relacionamento, o ‘saber lidar com gente’ são atributos essenciais para o desempenho da liderança. Diante da pergunta “Quando você considera organizações que têm culturas altamente eficazes, quais são os elementos que mais influenciam esse tipo de cultura?” a opção liderar por exemplo aparece no topo da lista em quatro das sete áreas pesquisadas – América Latina, aqui incluído o Brasil, Oriente Médio, Asia e Pacífico.

Liderar pelo exemplo é participar, é saber dar o feedback, é entender as necessidades de sua equipe e ajudar a vencer desafios, superar obstáculos de implantar a transformação e não apenas cobrar resultados. Da mesma forma que uma criança segue o exemplo dos pais e dos professores, por exemplo, em uma organização, colaboradores pautam seu comportamento pelas atitudes do líder. Um líder de vendas que por sua postura e suas ações não estiver alinhado com a mudança, estiver distante e não demonstrar sensibilidade, será incapaz de motivar sua equipe.  Ou seja: o exemplo precisa vir de cima.

Como gerenciar as percepções em uma negociação

Se você chegou a esse conteúdo porque quer aprender mais sobre negociação, concessões e como gerenciar tudo isso, recomendamos que antes de continuar, leia nosso texto Como Melhorar os Resultados de suas Negociações: Gerencie as Concessões. Ele vai ser essencial para que você inicie sua jornada de aprendizado sobre o tema.

Agora que você já sabe que uma negociação envolve o gerenciamento de percepções, vamos ensinar um conceito que o método Harvard de negociação chama de BATNA (Best Alternative to a Negotiated Agreement), ou seja, sua melhor alternativa para um acordo.

Quando você sabe qual é o seu BATNA e aplica as técnicas de gerenciamento de concessões, você consegue persuadir a outra parte a reduzir a intensidade de suas táticas de barganha e chegar na melhor solução para você.

Imagine a seguinte situação, que é muito comum de ouvirmos aqui na GoAhead:

Vendedor pergunta: Um cliente está me pressionando para fechar rapidamente um negócio, mas dentro dos seus termos. Prefiro chegar a um acordo que seja mais mutuamente benéfico. Como devo reagir nessa situação?”.

A verdade é que enquanto seu cliente achar que é sua única opção, ele acreditará que tem toda a vantagem na negociação e continuará barganhando agressivamente. Nesse aspecto, o mundo dos negócios é semelhante ao das relações internacionais, onde, como disse o historiador grego Tucídides, “Os fortes fazem o que podem e os fracos sofrem o que devem”.

Por isso, vamos usar aqui um exemplo da história diplomática. Nas décadas de 1970 e 80, os Estados Unidos se engajaram em uma campanha coercitiva sem precedentes para persuadir Taiwan a abandonar sua busca por armas nucleares. As autoridades americanas fizeram ameaças veladas de abandonar militarmente a ilha e interromper sua economia com o corte de seu suprimento de energia. Taiwan recuou. Seu isolamento diplomático completo – os Estados Unidos eram seu único fiador de segurança e aliado diplomático – tornou as táticas de extrema pressão possíveis e eficazes.

Viu como ter uma alternativa de acordo fraca, pode impedir seriamente sua capacidade de negociar com eficácia e pode convidar a movimentos exploradores de sua contraparte?

Para fortalecer sua posição, você deve se engajar na “gestão da percepção” da sua alternativa. Quando você gerencia percepções e esclarece sua disposição de explorar negócios alternativos, é possível virar a mesa contra seu oponente, isto é, leva-lo a achar que pode perder o acordo. Ao fazer isso, você eleva sua aposta e força a outra parte a recuar ou abandonar suas táticas.

Esta estratégia compreende três etapas:

  1. Compreenda a outra parte.

O seu cliente está simplesmente tentando explorá-lo, acreditando que você não tem outras opções? Ou ele está muito interessado em fechar o negócio o mais rápido possível? Talvez ambos? Questione-o para tentar entender melhor as motivações por trás de sua abordagem agressiva de negociação.

  1. Demonstre sua credibilidade.

Sua credibilidade constitui a base de sua estratégia de negociação. Nesta situação, a sua credibilidade depende (a) da sua vontade de exercer o seu BATNA e (b) do impacto desta decisão sobre a outra parte.

Para demonstrar sua vontade de ir embora, você deve esclarecer que é capaz de arcar com todos as consequências. Você pode fazer isso, por exemplo, revelando que está explorando acordos alternativos, um fato que demonstrará sua disposição de abandonar a negociação em andamento. A exploração de negócios alternativos indica que você não está tão isolado quanto o outro lado pode acreditar.

  1. Gerenciando percepções de seu próprio BATNA.

Em seguida, destaque o impacto potencial em seu cliente de sua possível decisão de desistir, especificando os benefícios que ele perderá se continuar a pressioná-lo. Ao forçá-lo a considerar o que fará se perder o acordo com você, você estará moldando a percepção de seu cliente sobre seu BATNA.

Focar uma negociação em seu próprio BATNA pode persuadir seu rival a reduzir a intensidade de suas táticas de barganha e ceder a sua proposta de acordo.

*Conteúdo de autoria de Dr. Eugene B. Kogan – Diretor de Pesquisa do Programa de Negociação da Harvard Kennedy School livremente traduzido e adaptado.
Você pode acessar o artigo original em:
https://www.pon.harvard.edu/daily/batna/dear-negotiation-coach-manage-their-perceptions-nb/